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Amazônia

Amazonas desconectado é Brasil vulnerável

No Amazonas, infraestrutura não é apenas obra – é condição de existência. Em um território onde a distância entre municípios pode ultrapassar mil quilômetros, onde o rio sobe e desce conforme o regime das chuvas, e onde o acesso à internet ainda é privilégio de poucos, conectar significa garantir vida, garantir direito, garantir o mínimo.

Ao longo dos últimos anos, tenho defendido de forma consistente a ideia da redundância logística. Para um estado como o nosso, cercado de desafios geográficos, confiar em um único modal para manter o abastecimento, o socorro emergencial e o funcionamento dos serviços públicos é, no mínimo, temerário. Precisamos de opções – de rotas terrestres, aquáticas, aéreas e digitais que se complementem e resistam às cheias, às estiagens e às omissões históricas.

A BR-319 simboliza esse debate. Trata-se da única ligação rodoviária entre Manaus e o restante do país. Sua pavimentação é frequentemente adiada em nome de impasses técnicos e ambientais que, com diálogo e responsabilidade, podem ser superados. O que não pode mais é um estado inteiro permanecer vulnerável. Sem conexão terrestre, o Amazonas depende do transporte fluvial, que é sazonal, ou do aéreo, que é caro e escasso.

É justamente aí que reside uma contradição que precisa ser exposta. Muitos dos que falam em nome da democracia, da equidade e da inclusão no plano nacional – especialmente nos círculos mais ideológicos – são os mesmos que impõem obstáculos à construção de alternativas logísticas que garantiriam o básico à população da floresta. A crítica abstrata à infraestrutura, muitas vezes embalada em jargões ambientais, acaba se traduzindo em atraso para quem mais precisa do Estado presente. São os mais pobres que pagam por esse impasse.

A cheia dos rios, que interdita trechos urbanos e isola famílias em municípios como, recentemente, em Apuí e Humaitá, reforça esse ponto. Não se trata de exceção – trata-se de uma realidade cíclica, previsível e ainda assim negligenciada.

Por isso, a ampliação, modernização e regulamentação dos aeródromos regionais deve ser prioridade de Estado. Em muitos municípios, o avião é mais que um meio de transporte – é a única ambulância possível. Aeródromos operacionais significam rapidez no socorro, chegada de insumos, conexão com o sistema de saúde estadual. A omissão aqui custa vidas.

O mesmo vale para as infovias. Levar internet rápida ao interior não é luxo – é ferramenta de equidade. É permitir que a educação alcance a última comunidade ribeirinha, que o diagnóstico médico chegue onde não há especialista, que o produtor rural negocie seu preço sem atravessadores. A tecnologia encurta distâncias, mas só quando chega a todos.

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O desafio da infraestrutura no Amazonas exige ação coordenada, planejamento contínuo e, sobretudo, prioridade política. A sinalização dos rios, a recuperação de rodovias estaduais e a construção de terminais multimodais são medidas concretas que ampliam horizontes, dinamizam a economia e reduzem desigualdades.

Conectar o Amazonas é conectar o Brasil ao seu futuro. Porque um Brasil que ignora seus próprios territórios permanece incompleto. A floresta em pé depende de gente em pé – com dignidade, acesso e voz. Investir em infraestrutura na Amazônia não é gasto – é dever, é soberania, é compromisso com quem nunca desistiu de fazer parte deste país, mesmo sendo tantas vezes deixado para trás.

Tadeu de Souza é vice-governador do Amazonas.

Matéria: Gazeta do Povo

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Gabriel de Melo

Criador, fundador e locutor da Rádio Esperança e também do Blog Palavra de Esperança, tem como objetivo divulgar o evangelho de Cristo par outras pessoas através da Internet por meio dos louvores e da palavra de Deus nas mídias sociais.

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