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Amazônia

Armas nucleares contra ONGs e facções criminosas? 

Em um evento público na sede da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, em 5 de setembro, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, surpreendeu os presentes ao afirmar que o agravamento do cenário global poderá levar o Brasil a recorrer à tecnologia nuclear para fins de defesa.

“Mesmo que isso seja polêmico, nós estamos vivendo arroubos internacionais muito graves no mundo, em especial nos últimos tempos… Um país que é gigante pela própria natureza, que tem 11% da água doce do planeta, que possui clima tropical, solo fértil e tantas riquezas minerais, precisa continuar e levar muito a sério a questão nuclear no Brasil, porque, no futuro, nós vamos precisar dela também para a defesa nacional”, disse ele, reforçando a sugestão ao afirmar que, futuramente, será necessário que o Congresso Nacional reveja a interdição constitucional que restringe o uso das tecnologias nucleares apenas para fins pacíficos (Estadão, 05/09/2025).

Esse tema, que nunca desapareceu dos círculos nacionalistas, ressurge com ênfase em momentos em que o Brasil é alvo de pressões externas de potências estrangeiras, como hoje, evocando justificadas preocupações com a soberania nacional.

Nesse caso, reforçadas por uma percepção crescente sobre a fragilidade das Forças Armadas, prejudicadas por limitações orçamentárias e tecnológicas, perda e desmotivação de pessoal e outros problemas.

Entretanto, a menção às armas nucleares implica uma visão estritamente militar e inadequada para o enfrentamento de ameaças reais e imediatas à soberania nacional, cuja resposta não é de natureza militar, mas remete à própria concepção de Nação e à ausência de um projeto político voltado ao pleno desenvolvimento dos vastos potenciais do país.

Nesse contexto, inserem-se os problemas das Forças Armadas, que necessitam de uma dotação orçamentária sólida e permanente, sem a necessidade de disputar, com outras prioridades nacionais – educação, saúde, infraestrutura etc. –, as fatias do orçamento federal que sobram após o pagamento do serviço da dívida pública, há décadas a prioridade máxima das políticas econômicas brasileiras.

Quanto às ameaças citadas, destacam-se o controle exercido pelas grandes facções do crime organizado sobre vastas áreas do território nacional, principalmente nas capitais e na Amazônia Legal, e o poder de interdição literal dos usos físicos do território e de seus recursos naturais, “terceirizado” ao aparato internacional de ONGs ambientalistas-indigenistas e a seus prepostos no aparelho do Estado, encastelados em órgãos como o Ibama, ICMBio e Funai.

No primeiro caso, que já tratei neste espaço (“Amazônia: tudo dominado”, 24/12/2024), o estudo Cartografias da Violência na Amazônia, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e do Instituto Mãe Crioula de Belém (PA), revelou que 260 dos 772 municípios da Amazônia Legal têm a presença de facções criminosas como o Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro, e o Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, processo em rápida expansão.

Em entrevista ao jornal O Globo, em 12 de dezembro de 2024, o presidente do FBSP, Renato Sérgio de Lima, fez uma revelação realmente assustadora. Segundo ele, “boa parte do dinheiro que circula na região hoje é do crime… o crime organizado é o principal empregador na região amazônica”.

Trata-se de um problema que se entrelaça com o segundo exemplo mencionado, pois a rápida expansão do controle territorial pelo crime organizado na Amazônia contrasta com as restrições cada vez maiores impostas pela draconiana legislação ambiental brasileira a todo tipo de atividade produtiva e de desenvolvimento na região.

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Como afirma o ex-deputado federal e ex-ministro Aldo Rebelo, o domínio da Amazônia é disputado por três Estados: o oficial, o das ONGs, estreitamente vinculado ao aparato ambientalista-indigenista internacional, e o do crime organizado em ascensão.

Dos três, enfatiza ele, o Estado oficial é o mais débil, e a pesquisa citada corrobora sua constatação de que o crime organizado já é um dos principais empregadores em uma região carente de atividades econômicas e de infraestrutura moderna.

A precária situação fundiária da região facilita o controle territorial pela criminalidade. Para o ex-ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Roberto Mangabeira Unger, a regularização fundiária é a primeira ação necessária para proporcionar uma proteção ambiental efetiva na Amazônia. Isso contraria as ONGs ambientalistas/indigenistas e setores políticos de esquerda, que preferem focar na interdição das atividades produtivas na região, em contraste com as necessidades e aspirações dos seus habitantes.

Por ironia, a rápida expansão do crime organizado na região ocorre à margem do rigor da aplicação da legislação ambiental e indígena às atividades legítimas

Na prática, tanto as ações da criminalidade como o fundamentalismo ideológico dos ambientalistas encastelados nas ONGs e na tecnocracia do Estado implicam vulnerabilidades diretas para a soberania nacional, que, no entanto, não têm defesa militar, muito menos nuclear.

Em síntese, trata-se de uma discussão totalmente despropositada, pois, mesmo nos aspectos militares da defesa nacional, a obtenção de um arsenal nuclear não traria qualquer benefício prático ao país — o que não deve ser confundido com o pleno domínio das tecnologias nucleares, inclusive para fins de propulsão naval, como desenvolve a Marinha do Brasil.

Todavia, o Brasil precisa, sim, rediscutir a defesa nacional no contexto de um amplo projeto de retomada do desenvolvimento socioeconômico, que possa canalizar suas energias para além da deletéria polarização política e ideológica tribal que o tem paralisado há mais de uma década.

Matéria: Gazeta do Povo

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Gabriel de Melo

Criador, fundador e locutor da Rádio Esperança e também do Blog Palavra de Esperança, tem como objetivo divulgar o evangelho de Cristo par outras pessoas através da Internet por meio dos louvores e da palavra de Deus nas mídias sociais.

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