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Amazônia

uma pauta ambiental que não deve ser ideologizada

O Brasil acompanhava com apreensão a votação decisiva no Congresso Nacional que, sem dúvida, marcaria um novo capítulo nas políticas ambientais do país. Às 1h53 da madrugada, o Projeto de Lei 2.159/2021 foi aprovado – um momento que, longe de ser consensual, rapidamente gerou uma onda de reações intensas.

Parlamentares da esquerda, organizações ambientalistas e representantes indígenas expressaram severas críticas. Por outro lado, partidos de direita celebraram a aprovação com entusiasmo. Nas horas seguintes, a imprensa internacional não tardou a repercutir o episódio: jornais franceses classificaram a nova lei como “polêmica”, enquanto veículos britânicos a denominaram “lei da devastação”.

As críticas intensificaram-se, focando sobretudo nos deputados da direita que votaram a favor do projeto. No entanto, um dado fundamental tem sido sistematicamente ignorado: a esquerda também foi protagonista na aprovação dessa legislação. Dos 168 deputados que apoiaram a proposta, 63% pertenciam a partidos aliados ao atual governo federal, como PT, PDT, PSB e PSD.

Mesmo assim, a cobertura internacional e os discursos ambientalistas privilegiam uma narrativa seletiva, direcionando a maior parte das críticas apenas à direita. É um padrão conhecido: em 2019, diante dos incêndios na Amazônia, o governo Bolsonaro foi duramente atacado com expressões como “genocida da Amazônia” e alertas sobre “desmatamento recorde”. Já quando fatos semelhantes ocorreram sob administrações de esquerda, a reação foi visivelmente mais branda – ou simplesmente ausente.

Em 2024, por exemplo, os incêndios na Amazônia, entre janeiro e outubro, cresceram 846% em relação ao ano anterior, um dado alarmante. No entanto, não se observaram protestos internacionais nem campanhas midiáticas de grande escala. Figuras públicas que normalmente se posicionam sobre o meio ambiente permaneceram silenciosas.

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Essa seletividade preocupa e compromete a credibilidade do discurso ambiental. Se o compromisso com a Amazônia é genuíno, ele deve transcender alinhamentos políticos

Outro aspecto ignorado é que a Amazônia não é uma floresta exclusivamente brasileira. Cerca de 40% do bioma está distribuído por países como Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa – território ultramarino francês. Mesmo assim, a maior parte da atenção internacional recai quase exclusivamente sobre o Brasil.

Por que essa concentração de holofotes e críticas? A resposta parece menos ligada à extensão territorial e mais ao peso político do Brasil e ao perfil do governo que o conduz.

É importante lembrar que outros países amazônicos enfrentam desafios ambientais igualmente graves. Na Bolívia, por exemplo, 6 milhões de hectares foram consumidos por incêndios em 2019. O então presidente Evo Morales recusou ajuda internacional, e o episódio teve repercussão quase nula no exterior.

No Peru, a mineração ilegal de ouro gera desmatamento e contaminação por mercúrio, afetando comunidades indígenas. No Equador, a extração de petróleo e a mineração poluem rios e ameaçam a biodiversidade local. Na Colômbia, grupos armados exploram a floresta para o cultivo ilegal de cocaína, fomentando o desmatamento e expondo populações vulneráveis a riscos.

No entanto, esses problemas raramente recebem a mesma visibilidade ou intensidade nas cobranças internacionais. As denúncias são pontuais, e o tom das críticas, significativamente mais brando.

Não se trata de minimizar as falhas e desafios brasileiros – muito pelo contrário. A fiscalização e a pressão externa podem ser aliadas importantes na proteção da Amazônia. Porém, para que essa luta seja legítima, precisa ser pautada pela coerência e pela isenção de filtros ideológicos.

A floresta amazônica exige proteção integral em todos os países que a abrigam, independentemente de quem governe. Defender o meio ambiente não pode se transformar em arma política – deve ser um compromisso firme, baseado em princípios e não em conveniências partidárias.

Só assim será possível garantir a preservação desse patrimônio mundial para as futuras gerações.

David Carmena García é estudante de Jornalismo.

Matéria: Gazeta do Povo

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Gabriel de Melo

Criador, fundador e locutor da Rádio Esperança e também do Blog Palavra de Esperança, tem como objetivo divulgar o evangelho de Cristo par outras pessoas através da Internet por meio dos louvores e da palavra de Deus nas mídias sociais.

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