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Paraná

A história da família por trás do café premiado no norte do Paraná

Flávia Guimarães Rosa gosta de dizer que nasceu debaixo de um pé de café. A lembrança dessa cafeicultora do Paraná é mais do que uma imagem bonita. É o ponto de partida de tudo o que viria depois. “Eu nasci na roça, acompanhando meu pai, que era porcenteiro [trabalhador rural que recebe uma porcentagem da produção, sem salário fixo]. O cheiro do café sempre esteve comigo.” A geada dos anos 1990 desfez o que a família tinha. Mudaram de lugar, mudaram de rotina. Durante um tempo, ela acreditou que a lavoura ficara no passado.

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Mas o café tem capacidade de retornar. Quando Flávia se casou com Walter, filho e neto de cafeicultores, a semente que carregava desde menina encontrou terra novamente. “Parece que a paixão floresceu. Ela já estava plantada. Só precisava de um tempo para brotar.”

Hoje, à frente da Chácara Rosa, em Apucarana, Flávia é uma das cafeicultoras do Paraná que transformaram a própria vida por meio do café especial. O resultado mais visível dessa trajetória é o primeiro lugar obtido no concurso Café Qualidade.

A 23ª edição foi promovida pela Câmara Setorial do Café do Paraná, formada pela Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab), Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) e Associação dos Engenheiros Agrônomos de Londrina. O Café Rosa ficou em 1º lugar na categoria Café Natural.

O casal Flávia e Walter enfrentou geadas que destruíram anos de trabalho em poucas noites. “Você vê cinco anos de serviço morrer. E mesmo assim ele continuou e nunca desistiu. Isso sempre me emocionou”, diz a esposa.

Foi essa persistência que sustentou o casal quando, grávida do terceiro filho, Flávia decidiu mudar a história da propriedade criando a marca Café Rosa. “Eu queria agregar valor. Perguntei para minha sogra e ela disse: ‘vamos fazer’. A partir dali, nossa vida mudou da água para o vinho.”

A marca abriu o caminho para que o café chegasse diretamente ao consumidor. Em períodos difíceis, como a geada de 2020, essa escolha foi decisiva. “O Café Rosa segurou a gente quando parecia que não tinha saída”, lembra.

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O despertar das cafeicultoras do Paraná para o café especial

Com o tempo, a curiosidade virou coragem. “A gente queria saber o potencial do nosso café. Os clientes elogiavam, mas eu queria a verdade.” O primeiro lote de café especial foi produzido no ano passado, quando conquistou o terceiro lugar do prêmio. Em 2025, a família Rosa alcançou a primeira posição. “Eu chorei. A gente faz tudo com tanto amor. Eu não sabia que o nosso café podia ser o melhor.”

A rotina por trás do prêmio é exaustiva e quase sempre silenciosa. “A gente não tem estrutura moderna. Não tem terreiro suspenso, não tem estufa. Faz tudo na peneira e no terreirão.” O processo começa com a colheita seletiva, passa pela lavagem, pela separação de grãos e termina com o cuidado quase artesanal no ponto de secagem. “É carinho. É atenção. É olhar grão por grão”, comenta Flávia, que vende o produto, principalmente nas feiras em Apucarana.

O sucesso do lote vencedor, segundo ela, vem de uma combinação entre técnica, dedicação e circunstâncias. “Metade é Deus que manda. A outra metade é a gente trabalhando em cima do que Ele já fez.” Para as cafeicultoras do Paraná, que enfrentam clima incerto e recursos limitados, essa mistura entre fé e trabalho é parte inseparável da rotina.

A identidade que nasce no terreiro de café

A família Rosa cuida hoje de cerca de 70 mil pés de café. São 14 hectares que representam o esforço diário e também a esperança. Flávia e Walter planejam ampliar a produção e aprimorar o processamento para aumentar a oferta de cafés acima de 80 pontos. O futuro, porém, é sempre imprevisível. “Lavoura é céu aberto. Às vezes começa a cair chuva de pedra e dá medo. A gente entrega na mão de Deus.”

O que não muda é a certeza de que cada lote produzido carrega uma marca impossível de reproduzir. “Quando vai para o commodity, se perde. Quando vai com o nome da família, vira único. E isso é maravilhoso”, opina.

No dia em que ouviu seu nome sendo anunciado como vencedora, Flávia diz que sentiu que todo o caminho tinha valido. “Eu só agradecia. A gente trabalha tanto e, de repente, vê que está no caminho certo.”

Matéria: Gazeta do Povo

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Gabriel de Melo

Criador, fundador e locutor da Rádio Esperança e também do Blog Palavra de Esperança, tem como objetivo divulgar o evangelho de Cristo par outras pessoas através da Internet por meio dos louvores e da palavra de Deus nas mídias sociais.

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