Curitiba conquistou o conceito “ótimo” na avaliação da Transparência Internacional Brasil, divulgada em outubro, e se tornou a cidade com melhor desempenho entre os municípios da região Sul no Índice de Transparência e Governança Pública (ITGP-M) 2025. Com 87,5 pontos de 100, a capital paranaense também aparece entre as três capitais mais transparentes do país, atrás apenas de Vitória (ES) e Rio de Janeiro (RJ).
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O salto foi expressivo: em 2024, Curitiba havia obtido 48,3 pontos e figurava na faixa “regular”. Em um ano, a nota quase dobrou. A mudança, segundo o controlador-geral do município, Bruno Heraki Pandini, é resultado de uma decisão estratégica. “O avanço é fruto de uma decisão política da atual gestão de tratar a transparência como política pública estruturante”, afirma Pandini. “Houve um esforço coletivo e contínuo para tornar o município mais acessível, íntegro e responsivo às demandas da sociedade.”
Criado em 2020, o Índice de Transparência e Governança Pública (ITGP-M) é considerado o levantamento mais abrangente sobre transparência ativa em governos locais. Em 2025, a Transparência Internacional avaliou 326 prefeituras brasileiras, analisando 245 critérios objetivos distribuídos em sete dimensões, entre elas transparência financeira e orçamentária, governança, dados abertos, comunicação e participação e integridade.
A metodologia inclui a verificação direta dos portais oficiais e sistemas digitais das prefeituras, sem aviso prévio aos municípios. O resultado final é apresentado em uma escala de 0 a 100 pontos, com os conceitos “péssimo”, “ruim”, “regular”, “bom” e “ótimo”.
A média nacional ficou em 52,7 pontos, o que significa que menos de 15% das cidades brasileiras atingiram o nível “ótimo”. Entre as capitais, apenas três ultrapassaram os 80 pontos. “Esse tipo de avaliação é importante porque mostra que a transparência não depende apenas de cumprir a lei, mas de criar uma cultura institucional de abertura e prestação de contas”, avalia Pandini.
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Transparência como política pública
O ITGP-M mede práticas de governança, integridade, dados abertos, combate à corrupção e participação social. Curitiba se destacou nas categorias Transparência Financeira e Orçamentária (96,9%), Legalidade (95%) e Comunicação, Engajamento e Participação (92,3%).
Segundo Pandini, o desempenho reflete a combinação entre modernização tecnológica e fortalecimento institucional. A Controladoria-Geral do Município (CGM) passou a atuar de forma integrada com todas as secretarias, revisando processos e ampliando o acesso a informações públicas. “O cidadão curitibano encontra com facilidade dados confiáveis sobre orçamento, compras, obras e serviços. É transparência como serviço: informação clara, processos previsíveis e controle social efetivo”, explica.
Na prática, o conceito “ótimo” significa que o morador de Curitiba tem mais facilidade para acompanhar como o dinheiro público é gasto, solicitar informações via Lei de Acesso à Informação (LAI) e participar de decisões por meio de ferramentas como o Fala Curitiba e o Curitiba Ouve.
A Secretaria de Administração e Tecnologia da Informação (Smati) teve papel essencial nesse avanço. Segundo a pasta, Curitiba adotou os princípios da Transformação Digital para aprimorar a gestão pública, aumentar a eficiência e aproximar o poder público do cidadão.
Entre as inovações está o Sistema Único de Protocolo Eletrônico (e-SUP), que eliminou o uso de mais de 48 milhões de folhas de papel desde 2019, substituindo processos físicos por protocolos digitais. Atualmente, 99% dos documentos da prefeitura tramitam eletronicamente.
Outra ferramenta é o novo Portal de Contratos, lançado em maio de 2025, que passou a ser integrado ao Sistema de Gestão Pública (SGP). O portal traz alertas de prazos, relatórios automáticos e layout mais intuitivo, o que garante agilidade e transparência nos contratos firmados pela administração municipal. “A integração de sistemas, o uso de dados abertos e o foco na experiência do cidadão foram determinantes. Transparência e inovação caminham juntas”, destacou a equipe da Smati.
A secretaria também cita o Portal de Obras, que permite acompanhar a execução física e financeira de obras municipais, e a inclusão de informações ambientais no Portal da Transparência, como o Plano Municipal de Proteção e Defesa Civil e o Relatório de Avaliação de Riscos Climáticos — aspectos que garantiram à capital a melhor nota do Paraná na dimensão Adaptação Climática do índice.
Modelo de referência para outras cidades
O levantamento mostra que 38% das cidades brasileiras ainda apresentam níveis “ruins” de transparência, enquanto Curitiba se consolida como referência nacional em governança digital, dados abertos e participação cidadã. “Curitiba pode servir de modelo principalmente pela integração entre o Portal da Transparência e os sistemas estruturantes da Prefeitura. Hoje, são 32 bases de dados públicas disponíveis para consulta livre”, ressalta a Smati.
Para manter e aprimorar os índices, o município já trabalha em novas iniciativas. Entre elas estão o aperfeiçoamento do Portal da Transparência, a criação de um chatbot para auxiliar o cidadão na busca por informações e o desenvolvimento de painéis interativos com tecnologia de business intelligence. “Transparência não é apenas sobre publicar dados. É sobre prestar contas de forma compreensível e útil à população. Nosso objetivo é consolidar Curitiba como referência em integridade e governança pública”, conclui Pandini.
Matéria: Gazeta do Povo
