Lula critica Congresso por emendas e diz que eleitores precisam mudar seus votos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou o Congresso Nacional, nesta quinta (4), por causa do alto volume de emendas parlamentares impositivas que, no total, chegam a R$ 50 bilhões neste ano e podem ter 65% pagas obrigatoriamente em 2026 apenas no primeiro semestre, antes do período eleitoral. A crítica ocorre num momento de crise entre os poderes Executivo e Legislativo por diversos fatores, entre eles a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, ao Supremo Tribunal Federal (STF) em desagrado ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).
Lula voltou a criticar o que chama de “sequestro de 50%” do orçamento da União, uma fala que tinha se tornado recorrente no começo do ano e em 2024, e que só pode ser revisto se os eleitores mudarem seus votos.
“Eu, sinceramente, não concordo com as emendas impositivas. Eu acho que o fato do Congresso Nacional sequestrar 50% orçamento da União é grave erro histórico, eu acho. Mas, você só vai acabar com isso quando você mudar as pessoas que governam e as pessoas que aprovaram isso”, disse Lula durante a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS) – conhecido como “Conselhão”.
Apesar da crítica aos parlamentares, Lula afirmou que o governo não tem problema com o Congresso Nacional, como se tem visto nas últimas semanas. “A gente não tem”, frisou.
Parte da crise entre o governo e o Congresso levou, ainda, a uma enxurrada de derrubada de vetos do petista a diversas leis, entre elas a quase todos da Lei do Licenciamento Ambiental, na semana passada, mesmo sob apelos das lideranças governistas. Lula criticou o ato de deputados e senadores.
“Não vetamos porque não gostamos do agronegócio; vetamos para proteger o agronegócio. Essa mesma gente que derrubou meus vetos, quando China, Europa ou outros países pararem de comprar soja ou algodão, vai vir falar comigo: ‘Presidente, fala com o Xi Jinping, com a União Europeia, com a Rússia’. Eles sabem que estão errados e sabem que queremos uma produção maior, mais sustentável e mais limpa”, emendou.
Além da crítica à indicação de Messias ao STF, o deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB), que preside a Câmara, entrou em crise com o governo por causa da escolha do deputado federal Guilherme Derrite (PP-SP) para relatar o projeto de lei de combate às facções criminosas, de autoria do Ministério da Justiça.
Desde então, os dois presidentes do Legislativo romperam relações com os líderes do PT e do governo nas duas casas: Lindbergh Farias (PT-RJ), na Câmara, e Jaques Wagner (PT-BA), no Senado, respectivamente.
Neste meio tempo, Lula sofreu outra derrota com a aprovação, no Senado, de uma “pauta-bomba” que provocará um gasto não previsto de R$ 20 bilhões em dez anos.
Matéria: Gazeta do Povo





