
A ex-presidente argentina Cristina Kirchner (2007-2015) criticou nesta sexta-feira (31) o outro grande nome do peronismo no momento, Axel Kicillof, governador da província de Buenos Aires, a quem atribuiu a derrota para o partido do presidente Javier Milei, A Liberdade Avança (LLA, na sigla em espanhol), nas eleições legislativas de meio de mandato, realizadas no domingo (26).
Em um longo texto publicado no X, Cristina, que cumpre em prisão domiciliar uma pena de seis anos de detenção e inabilitação perpétua para ocupar cargos públicos, disse que a decisão de Kicillof de separar as datas das eleições legislativas na província de Buenos Aires, a mais populosa do país, e do pleito legislativo nacional contribuiu para a derrota do peronismo.
Foi a primeira vez desde 2003 que tais eleições ocorreram em datas diferentes. O peronismo venceu o pleito legislativo em Buenos Aires, realizado em setembro, mas perdeu para o LLA no domingo passado.
“Todos os governadores peronistas ([Sergio Raúl] Ziliotto de La Pampa, [Ricardo] Quintela de La Rioja, [Raúl] Jalil de Catamarca, [Osvaldo Francisco] Jaldo de Tucumán, [Gildo] Insfrán de Formosa) venceram estas eleições parlamentares [nas suas províncias]. A exceção na província de Buenos Aires deve-se a um erro político na escolha equivocada da estratégia eleitoral, ao decidir dividir as eleições”, escreveu Cristina.
“Não digo isso olhando o jornal de segunda-feira [expressão que significa opinar sobre um fato depois que ele aconteceu], como costumam fazer os ‘especialistas e analistas’. Dissemos isso publicamente em 14 de abril, quando, diante da decisão do governador de dividir a eleição provincial, como presidente do Partido Justicialista nacional, instruí nossa força política no Legislativo bonaerense a retirar o Projeto de Lei de Concorrência Eleitoral, com o objetivo de que os bonaerenses votassem apenas uma vez, para não dividir nossos esforços em duas eleições separadas por apenas 49 dias”, acrescentou a ex-presidente.
Porém, apesar da pressão de Cristina, o plano do governador foi mantido e as eleições foram realizadas em datas separadas.
Uma fonte do governo Kicillof disse hoje ao jornal Clarín que as críticas de Cristina ao governador, cotado para ser o candidato do peronismo à presidência em 2027, são “entediantes”. “Não estamos irritados com a carta porque ela força os argumentos para tentar encaixar uma realidade no seu raciocínio”, ironizou.
Nas eleições legislativas de domingo, em que foram renovados metade dos assentos na Câmara dos Deputados da Argentina e um terço das cadeiras no Senado, o LLA de Milei obteve 41% dos votos contra 33% da oposição peronista, dando fôlego político ao presidente para aprovar projetos e evitar a derrubada de vetos no Congresso argentino.
Matéria: Gazeta do Povo





