Nos próximos meses, as comunidades criativas do Brasil e do Reino Unido estarão trabalhando intensamente lado a lado. Até junho de 2026, mais de 100 projetos se revelarão em palcos, telas, galerias, ruas e espaços digitais, conectando artistas, comunidades, ideias e novas possibilidades. O Ano Cultural Brasil–Reino Unido é sobre explorar o que temos em comum, mas é, igualmente, sobre evidenciar os impulsos criativos que surgem quando diferentes perspectivas se encontram.
Realizado pelo British Council e pelo Instituto Guimarães Rosa, organizações dedicadas a construir pontes culturais entre os povos de nossos países, o Ano Cultural é movido pela convicção de que cultura não é decoração – é transformação. A programação é uma imersão nos grandes temas que moldam nossas vidas hoje: mudanças climáticas, diversidade, justiça social, inclusão digital; não como slogans, mas como provocações para trocas, imaginações e ações genuínas.
Quando a cultura é cultivada de forma aberta, com curiosidade e respeito, ela não apenas entretém – ela nos ajuda a ver através de outros olhos, a questionar o que tomamos como certo e a imaginar novos futuros em conjunto
No coração do Ano Cultural está uma ideia norteadora: fluxos. A cultura não é fixa. Ela se move como as pessoas, como as línguas, como os rios, como a tecnologia. Ela cruza fronteiras, mistura tradições e ressignifica perspectivas. Esse sentido de movimento atravessa os projetos que virão, entregando uma programação que respira e vive.
A visão deste Ano Cultural não foi decidida a portas fechadas. Foi desenhada e construída em parceria, com a colaboração em seu DNA. Nossa chamada pública internacional exemplificou isso, convidando instituições de todo o Brasil e do Reino Unido – museus, universidades, coletivos de base, laboratórios de inovação – a cocriar trabalhos enraizados em seus próprios contextos, mas vivos no diálogo com o outro. O resultado? Uma rede de parcerias tão dinâmica quanto as próprias cenas culturais que ela representa.
O público pode esperar experiências lúdicas, inusitadas e participativas: poetas brasileiros ocupando o metrô de Londres enquanto vozes britânicas aparecem em ônibus e trens no Brasil; os carnavais de Salvador e de Notting Hill unindo forças com o primeiro trio elétrico de emissão zero do mundo; uma grande exposição ao ar livre sobre cultura e clima se estendendo pelos dois países, alcançando milhões de pessoas; colaborações ousadas entre grandes museus; e residências que oferecem a artistas o tempo e o espaço para reimaginar futuros em conjunto.
A jornada começou em 5 de outubro, em São Paulo, com a exibição gratuita de O inquilino, de Alfred Hitchcock, acompanhada ao vivo pela orquestra Brasil Jazz Sinfônica, em parceria com a 49ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo e a Fundação Padre Anchieta. Um clássico do cinema mundial encontrou o poder da performance ao vivo brasileira – um presente à cidade para celebrar a magia da colaboração.
Mas o Ano Cultural Brasil-Reino Unido não é apenas um calendário de eventos. Trata-se de plantar sementes de parcerias, de ideias, de amizades. Porque, quando a cultura é cultivada de forma aberta, com curiosidade e respeito, ela não apenas entretém – ela nos ajuda a ver através de outros olhos, a questionar o que tomamos como certo e a imaginar novos futuros em conjunto.
Para o British Council, que há 90 anos constrói conexões pelo mundo por meio da cultura e da educação, este não é apenas mais um programa. É a prova de que criatividade e colaboração estão entre as forças mais poderosas que temos para construir confiança, inspirar inovação e moldar o mundo em que queremos viver. O Ano Cultural ajudará a fortalecer uma nova fase de conexões e amizades culturais entre o Reino Unido e o Brasil, porque as árvores mais altas crescem a partir das raízes mais profundas.
Tom Birtwistle é diretor do British Council no Brasil.
Matéria: Gazeta do Povo
