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O PDL 3, o aborto e o consolo da ilusão

Há textos que nascem sujos. Este é um deles. Camila Rocha, em seu artigo Bancada Cristã promove tortura e feminicídio de Estado, acusa o PDL 3/2025 de institucionalizar “a tortura de meninas estupradas”. A palavra é escolhida não pela precisão, mas pela espuma. Serve para fabricar culpa e dispensar qualquer possibilidade de compreensão a respeito do tema. No caso do discussão do aborto, “tortura” é o novo passe moral: quem discorda é cúmplice.

O PDL em questão, apresentado por Chris Tonietto, faz algo bem menos cinematográfico. Justifica a sustação de uma resolução administrativa do Conanda – aquele conselho que decidiu, por conta própria, criar um regime de aborto sem boletim de ocorrência, sem decisão judicial, sem autorização dos responsáveis, sem limite gestacional e com ameaça de punição a médicos que invoquem objeção de consciência.

Um órgão burocrático se atribuiu o poder de legislar a respeito de quem tem ou não o direito de viver. O PDL apenas o desautoriza.

O que o Conanda fez foi colonizar o espaço público, substituir a deliberação plural por despacho técnico. Nada mais autoritário que um tecnocrata camuflado de humanitário

Claro que, para o moralismo progressista, isso soa como “crueldade teocrática”. Camila prefere o teatro, o joguinho de palavras performático. É mais fácil demonizar a “bancada cristã” do que ler a Constituição, especialmente seu artigo 5.º, que garante a inviolabilidade do direito à vida. Ou o artigo 2.º do Código Civil, que reconhece os direitos do nascituro. A Convenção Americana de Direitos Humanos ordena proteção desde a concepção. Tudo isso existe. Porém, atrapalha a narrativa.

Quer defender o aborto? Defenda. Contudo, faça-o respeitando o procedimento democrático, com ampla discussão pública, deliberação, voto, exposição de motivos e ônus moral. A legitimidade democrática nasce do discurso racional, não da norma administrativa e do grito da torcida. O que o Conanda fez foi colonizar o espaço público, substituir a deliberação plural por despacho técnico. Nada mais autoritário que um tecnocrata camuflado de humanitário.

Camila Rocha alega “tortura” para não encarar o que o aborto é. Até 12 semanas, o embrião é expulso e recolhido como resíduo biológico. Entre 12 e 14 semanas, os fragmentos são aspirados, verificados, descartados. Depois disso, o feto é removido por partes, conferido peça a peça, e segue o mesmo destino: o lixo hospitalar. É esse o ato que o texto prefere não nomear. Quando a realidade pesa demais, o progressismo troca o fato pela alegoria.

A tragédia das meninas violentadas exige tudo: proteção imediata, punição exemplar, apoio psicológico, rigor clínico. Violentar uma criança é rasgar o pacto que sustenta a própria ideia de humanidade. Mas isso não autoriza transformar o outro envolvido em sobra descartável. O dever de amparar não inclui o direito de eliminar.

O aborto é, em última instância, a decisão de encerrar uma vida que já começou. Não há mistério. Há negação. E essa negação é tudo, menos compaixão. Chama-se “direito”, chama-se “procedimento”, chama-se “política pública”. Tudo, menos o que é. A autora prefere o conforto dessa gramática anestésica. Afinal, é mais fácil acusar os cristãos de tortura do que admitir que o nascituro é um alguém – pequeno, silencioso, inconveniente, mas alguém.

Vivemos uma época que confunde empatia com histeria. O artigo de Camila é exemplo de compaixão performática sobre alicerces jurídicos frágeis. Ele ignora o que o PDL realmente faz, ignora o texto constitucional, ignora até o princípio democrático da deliberação. Prefere o moralismo rápido, indignado e ornamental.

O artigo de Camila Rocha é exemplo de compaixão performática sobre alicerces jurídicos frágeis

A função dessa retórica não deixa dúvidas. Ninguém quer discutir bioética em público. É mais simples se apropriar do debate pela paixão mobilizadora. Quem duvida vira monstro. Quem hesita, cúmplice. O resultado é incapacidade de pensar moralmente porque já não se distingue mais nada.

O PDL 3/2025, com todos os seus limites, recoloca o debate no lugar certo: o da política, não o da militância. E é esse retorno à esfera pública que incomoda tanto. Porque o progressismo atual não quer diálogo; quer monopólio da moralidade.

No fundo, o artigo é a recusa em chamar as coisas pelo nome. “Tortura” serve para o enredo para apagar engano mais cruel. Isto é, a de que o aborto não tornará ninguém menos vítima, nem mais livre.

Matéria: Gazeta do Povo

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Gabriel de Melo

Criador, fundador e locutor da Rádio Esperança e também do Blog Palavra de Esperança, tem como objetivo divulgar o evangelho de Cristo par outras pessoas através da Internet por meio dos louvores e da palavra de Deus nas mídias sociais.

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