Quem foi o melhor presidente desde a redemocratização?

Quem foi o melhor presidente da Nova República? A pergunta parece simples, mas os participantes do “Saideira” desta sexta (31) descobriram que a resposta depende menos de torcida e mais de critério. Na conversa, como sempre animada e um tanto quanto caótica, Paulo Polzonoff Jr. e Francisco Escorsim recebem Omar Godói, autor da enquete com 18 colunistas da Gazeta do Povo. O resultado é uma profusão de memórias e provocações, com com pitadas de ironia, nostalgia e boas discordâncias. E, sim, você vai querer assistir até o fim.
A conversa começa pelo começo que o Brasil costuma esquecer: José Sarney. Ninguém votou nele e nenhum colunista citou o maranhense do bigode e da hiperinflação. Escorsim, Omar Godoy e Polzonoff, porém, se divertiram com lembranças de fiscais do frango, freezers abarrotados e salários derretendo em horas. Depois de muito debate, os três finalmente encontraram um mérito no governo Sarney: conduzir, com pragmatismo, a transição que desembocaria na Constituição de 1988 e na eleição direta de 1989.
Collor, Itamar, FHC
De Collor, o trio preferiu guardar munição para o documentário “Caçador de Marajás”, na segunda parte do programa, e foram direto para Itamar Franco. Polzonoff cravou voto no mineiro que não atrapalhou, ressuscitou o Fusca e abriu caminho para a equipe do Plano Real. A virtude da moderação, delegar e segurar a caneta para usá-la no momento certo, rendeu a Itamar o título informal de “campeão moral” de um período que mudaria a vida cotidiana do brasileiro.
Daí surge Fernando Henrique Cardoso, forte na enquete. A tese: o Plano Real é o fato estruturante dos últimos 40 anos. Sem estabilidade, nada do que veio depois teria sido possível. Nem os acertos, nem os erros. Houve, claro, os poréns: reeleição, bastidores pouco edificantes, crises externas. Ainda assim, pairou a ideia de que FHC consolidou bases institucionais e um modo “estadista” de representar o país que, concorde ou discorde, deixou marca.
Lula e Dilma
Lula entra em cena dividido por mandatos. O primeiro e o segundo surfaram nas commodities, preservaram os pilares do Real e apostaram em programas sociais que herdavam e expandiam políticas anteriores, sobretudo de FHC. Mérito? Para uns, sim; para outros, “continuidade pragmática”. O terceiro mandato de Lula, porém, recoloca o pêndulo do Estado, e as comparações ganham arestas: o que virou legado, o que virou marketing e o que virou projeto de poder? Os três riem e discordam, e é justamente aí que o Saideira fica ainda melhor.
Sobre Dilma Rousseff, os três foram duros. Ninguém, evidentemente, votou na gerentona. Se faltaram votos, porém, sobraram lembranças da desorganização econômica, da teimosia administrativa e do impeachment que consolidou a polarização contemporânea. É de Francisco Escorsim a provocação sobre a qual vale a pena refletir: sem Dilma, existiria a direita que emergiu nas ruas a partir de 2013?
Temer e Bolsonaro
Michel Temer recebeu dois tipos de avaliação: reconhecimento pelas reformas (trabalhista à frente) e ressalvas pelo “legado Moraes”, que reconfigurou o tabuleiro institucional e, para muitos, pôs fim à Nova República. Por fim, Jair Bolsonaro, que teve 9 dos 18 votos dos colunistas. Corpo estranho ao sistema, defensor da liberdade, alvo de hostilidades inéditas — e também do autoboicotes.
Por fim, o “Saideira” passa alguns minutinhos falando da série documental “Caçador de Marajás”, disponível na Globoplay. Um fecho dramático para um cenário político igualmente dramático. O “Saideira” vai ao ar todas as sextas-feiras, a partir das 16h30, no canal da Gazeta do Povo no YouTube.
Matéria: Gazeta do Povo





