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Opinião

Haverá solução para o inferno em que o Rio se tornou?

Ao menos 120 pessoas foram mortas naquela que já é a operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro. As forças de segurança fluminenses usaram 2,5 mil policiais civis e militares em uma megaoperação contra o Comando Vermelho nos complexos do Alemão e da Penha e foram recebidas com armamento pesado. Além dos mortos, até o começo da tarde desta quarta-feira a Polícia Civil havia confirmado a prisão de 113 bandidos e a apreensão de cerca de uma centena de fuzis usados pela facção criminosa. Os reflexos da guerra entre a polícia e o Comando Vermelho foram sentidos em outros bairros e até em outras cidades do Grande Rio, com eventos cancelados e vias importantes, como a Linha Amarela, fechadas pelos bandidos.

De imediato, os “suspeitos de sempre”, ideólogos e formadores de opinião para quem bandidos são “vítimas da sociedade” e a polícia é culpada até prova em contrário, dispararam os slogans de sempre. Mas, enquanto não se souber com certeza absoluta quem são os mortos – as autoridades confirmam a morte de quatro policiais e admitem que quatro inocentes foram atingidos – e em que circunstâncias eles morreram (pois mesmo um criminoso não pode ser sumariamente executado após ser capturado), falar em “chacina”, “massacre”, “banho de sangue” ou no já banalizado “genocídio” não é apenas prematuro, mas irresponsável – e o inverso, descartando de antemão qualquer possibilidade de violação a direitos que mesmo os piores facínoras ainda têm, também é desaconselhável.

As facções não devolverão seu território ao Estado sem lutar – e o uso de drones carregando granadas contra a polícia mostra muito bem o grau de resistência que elas estão dispostas a oferecer

A verdade é que o crime organizado erigiu-se em Estado paralelo – ou, melhor dizendo, um narcoestado – no Rio de Janeiro (e não apenas lá). Isso só foi possível graças a uma dupla omissão do poder público: primeiro, não se fez presente por meio da oferta de bons serviços públicos e manutenção da ordem; depois, não soube, não quis (como no célebre caso do ex-governador Leonel Brizola) ou não pôde (mais recentemente, graças a decisões do STF que inviabilizaram operações policiais nos morros) retomar o controle do território perdido para a bandidagem. As facções impõem reinos de terror nas áreas que dominam, realizando justiçamentos, impondo toques de recolher – que não raro atingem outras regiões –, e tolhendo o direito de ir e vir dos moradores, por exemplo impedidos de visitar parentes ou amigos que residam em favelas dominadas por facções rivais. As investigações policiais que levaram à operação de terça-feira mostram que o CV usava aplicativos de mensagem para combinar torturas e execuções de moradores do Alemão e da Penha que fizessem qualquer coisa que desagradasse os chefes do tráfico.

Fala-se muito em asfixiar financeiramente as facções, em cooperação entre entes federativos (que aparentemente faltou na terça-feira, com as forças fluminenses fazendo sozinhas todo o trabalho), em uso pesado de inteligência, em reformar a lei para que seja menos leniente com a bandidagem, já que hoje as delegacias são portas giratórias de onde o bandido preso em flagrante sai antes do policial que o prendeu. Tudo isso é correto. Mas a realidade nua e crua é a de que as facções não devolverão seu território ao Estado sem lutar – e o uso de drones carregando granadas contra a polícia mostra muito bem o grau de resistência que elas estão dispostas a oferecer. Continua a ser necessário cortar as fontes de financiamento do crime organizado, prender e isolar seus chefes, mas nada disso, infelizmente, dispensará um longo e árduo trabalho de reconquista de território – e qualquer criminoso que resolva enfrentar as forças de segurança está assumindo o risco do que lhe pode acontecer.

Três quartos dos brasileiros dizem viver em locais onde há presença do crime organizado; um quarto afirma que, em seu bairro ou cidade, as facções impõem regras de comportamento. Ambos os números são aberrantes. Estado omisso (quando não cúmplice), leis frouxas, glamourização e permissividade em relação às drogas, e ideologias bandidólatras levaram várias partes do Brasil, e especialmente do Rio de Janeiro, a se tornarem infernos cotidianos – com a diferença de que nestes, ao contrário do inferno da teologia, os condenados, brasileiros pobres que só desejam viver em paz, nada fizeram para merecer seu tormento. Ajudá-los a escapar dele é uma dívida que o poder público tem de assumir.

Matéria: Gazeta do Povo

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Gabriel de Melo

Criador, fundador e locutor da Rádio Esperança e também do Blog Palavra de Esperança, tem como objetivo divulgar o evangelho de Cristo par outras pessoas através da Internet por meio dos louvores e da palavra de Deus nas mídias sociais.

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